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quinta-feira, 5 de maio de 2011

CAUSOS DE PEDRO MALASARTES

QUINTA-FEIRA, 05 DE MAIO 2011.
Sopa de pedras


Pedro Malasarte era um cara danado de esperto. Um dia ele es­tava ouvindo a conversa do pessoal na porta da venda. Os matutos fa­lavam de uma velha avarenta que morava num sítio pros lados do rio Cada um contava um caso pior que o outro:— A velha é unha-de-fome Não dá comida nem pros cachor­ros que guardam a casa dela — dizia um.— Quando chega alguém pro almoço, ela conta os grãos de feijão pra pôr no prato. Verdade! Quem me contou foi o Chico Carreteiro, que não mente — afirmava outro.— Eta velha pão-duro! — comentava um terceiro. — Dali não sai nada. Ela não dá nem bom-dia.O Pedro Malasarte ouvindo. Ouvindo e matutando. Daí a pouco entrou na conversa:— Querem apostar que pra mim ela vai dar uma porção de coisas, e de boa vontade?
— Tu tá é doido! — disseram todos — Aquela velha avarenta não dá nem risada!
— Pois aposto que pra mim ela vai dar — insistiu o Pedro. — Quanto vocês apostam?A turma apostou alto, na certeza de ganhar. Mas o Pedro Malasar-te, muito matreiro, já tinha bolado um plano na cabeça. Juntou umasroupas, umas panelas, um fogãozinho, amarrou a trouxa e se mandoupra casa da velha. Era meio longe, mas pra ganhar aposta o Malasartenão tinha preguiça. -O Pedro foi chegando, foi arranchando, ali bem perto da porteira do sítio da velha. Esperou um tempo pra ser notado. Quando viu que a velha já tinha reparado nele, armou o fogãozinho, botou a panela em cima, cheia de água, e acendeu o fogo. E ficou o dia inteiro cozinhando água.A velha, lá da casa, só espiando. E a panela fumegando. E o Pedro atiçando o fogo.. [...]Até que ela não conseguiu mais se segurar de curiosidade. Saiu e veio negaceando, olhar de perto. O Pedro pensou: "É hoje!".Catou umas pedras no chão, lavou bem e jogou dentro da pane­la. E ficou atiçando o fogo pra ferver mais depressa.A velha não se conteve:— Oi, moço, tá cozinhando pedra?— Ora, pois sim senhora, dona! — res­pondeu o Pedro. — Vou fazer uma sopa.— Sopa de pedra? — perguntou a velha com uma careta. — Essa não, seu moço! Onde já se viu isso?— Pois garanto que dá uma sopa pra lá de boa.— Demora muito pra cozinhar? — perguntou a velha ainda duvidando.— Demora um bocado.— E dá pra comer?— Claro, dona! Então eu ia perder tempo à toa?A velha olhava as pedras, olhava pro Pedro. E ele atiçando o fogo, e a panela fervendo. A velha meio incrédula, meio acreditando.— É gostosa, essa sopa? — perguntou ela depois de um tempo.— É — respondeu o Malasarte. — Mas fica mais gostosa se a gente puser um temperinho.— Por isso não — disse a velha. — Eu vou buscar.Foi e trouxe cebola, cheiro-verde, sal com alho.— Tomate a senhora não tem? — perguntou o Pedro.A velha foi buscar e voltou com três, bem maduros.Pedro botou tudo dentro da panela, junto com as pedras. E atiçou o fogo.— Vai ficar bem gostosa — disse ele. — Mas se a gente tivesse um courinho de porco...— Pois eu tenho lá em casa — disse a velha. E foi buscar. Couro na panela, lenha no fogo, a velha sentada espiando. Daí a pouco ela perguntou:— Não precisa pôr mais nada?— Até que ficava mais suculenta se a gente pusesse umas batatas, um pouco de macarrão...A velha já estava com vontade de tomar a sopa, e perguntou:— Quando ficar pronta, posso provar um pouco?— Claro, dona!Aí ela foi e trouxe o macarrão e as batatas.Malasarte atiçou o fogo, pró macarrão cozinhar depressa.
Daí a pouco a velha já estava com água na boca!
- Hum, a sopa ta cheirando gostosa! Será que as pedras já amoleceram?Em vez de responder, o
Pedro perguntou:— A senhora não tem uma lingüicinha no fumeiro? Ia ficar tão bom...Lá foi a velha de novo buscar a linguiça.
Cozinha que cozinha, a sopa ficou pron­ta. Malasarte então pediu dois pratos e talhe­res, a velha trouxe.O Pedro encheu os pratos, deu um pra ela. Separou as pedras e jogou no mato.— Ué, moço, não vai comer as pedras?— Tá doido! — respondeu o Malasarte. — Eu lá tenho dente de ferro pra comer as pedras?
Em Contos populares para criançasda América Latina. Traduçãoe adaptação de Neide T. MaiaGonzáles. São Paulo:
Daí a pouco a velha já estava com água na boca!— Hum, a sopa tá cheirando gostosa! Será que as pedras já amoleceram? Em vez de responder, o Pedro perguntou:— A senhora não tem uma lingüicinha no fumeiro? Ia ficar tão bom...Lá foi a velha de novo buscar a linguiça.
Cozinha que cozinha, a sopa ficou pron­ta. Malasarte então pediu dois pratos e talhe­res, a velha trouxe.O Pedro encheu os pratos, deu um pra ela. Separou as pedras e jogou no mato.— Ué, moço, não vai comer as pedras?— Tá doido! — respondeu o Malasarte. — Eu lá tenho dente de ferro pra comer as pedras?
Em Contos populares para criançasda América Latina. Traduçãoe adaptação de Neide T. MaiaGonzáles. São Paulo: